sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Desvalorização do professor: um problema antigo e urgente!

A (triste) desvalorização do educador ganhou destaque no Especial Educação do jornal on line Folha Vitória, que está disponível no endereço http://www.folhavitoria.com.br/geral/especial-educacao-2014.
Confira no texto abaixo o que a Doutora em Educação Marisa Terezinha Rosa Valladares tem a falar sobre o assunto:

Atualmente, o Brasil possui cerca de 2,3 milhões de professores vivendo as mais variadas realidades, mas com um ponto em comum: sentindo na pele a desvalorização da profissão. O problema vem de alto, do escalão federal. Dados de 2009 revelaram que para cada R$ 1 investido na educação básica, os estados investiram R$ 0,41, os municípios R$ 0,39 e a União apenas R$ 0,20. Está aí uma equação difícil de entender e de resolver.

Bem, é preciso voltar um pouquinho no tempo para entender um dos fatores que fizeram com que a profissão de professor perdesse seu valor, tanto social quanto econômico, levando em conta, especialmente, a universalização do ensino fundamental iniciada no final da década de 1970 e alcançada em 2000. Acontece que os investimentos em infraestrutura não foram acompanhados por investimentos em pessoas, ao contrário, o aumento na oferta de vagas gerou uma grande demanda pela admissão de profissionais e nem sempre eles tinham a graduação necessária para a profissão de professor, o que tornou o trabalho mais barato.

Com isso surgiu um ciclo: a necessidade de “agilizar” a formação dos professores deu origem aos “cursos rápidos” de formação de professores que, por sua vez, diminuíram a qualidade da profissão.

A entrada das professoras no mercado de trabalho

Por incrível que pareça, a busca da mulher por seu espaço no mercado de trabalho também contribuiu para a desvalorização do status de professor. É fácil entender isso quando, em uma sociedade dominada pelo machismo, a mulher precisava se submeter a remunerações mais baixas para conseguir trabalhar. E o reflexo disso é sentido até hoje, basta observar que o maior contingente de professoras está na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, onde os salários são os mais baixos do País e a demanda de estudantes é consideravelmente maior. Entretanto, à medida que avançamos na hierarquia da educação, esse quadro se inverte. No Ensino Médio existe uma paridade entre homens e mulheres, já no Ensino Superior, onde os salários são atraentes, a predominância de homens é significativa.

Inspiração que vem o Japão

Marisa Terezinha Rosa Valladares, Doutora em Educação, explica que o professor é exigido por todos os lados. O problema é que ele não tem estrutura nem condições de atender a essas exigências. “Para o professor se manter na carreira é preciso meios, e não fins. Ele se desgasta antes de executar o que precisa, o salário é vergonhoso, a maneira como profissional é formado é deficitária. Hoje é um desafio o professor se manter na função a despeito da infraestrutura, da falta de valorização necessária, com esperança, amor, técnica”.

A Doutora – e formadora de novos professores – afirma que a valorização profissional começa a partir do próprio professor. Antes de tudo, é preciso que ele encontre amor no que faz. “O professor precisa ter identidade com a vocação. Ele precisa se valorizar, até mesmo no vestir, tem professor que vai para a sala sem nenhuma identidade. É preciso ler e falar corretamente, senão isso já o desvaloriza perante aluno, escola, sociedade e família”.

O Brasil ainda tem muito a avançar para ser como o Japão, um país reconhecido mundialmente por sua valorização ao profissional da educação. O que não podemos esquecer é que a escola tem seu papel fundamental e insubstituível na formação de um País e uma sociedade consciente.

“Se esse País ainda dá certo, temos que agradecer aos profissionais que fazem dar certo. A despeito de tudo, a escola ainda é o grande agente formador da sociedade. Isso é meio louco, porque ao mesmo tempo em que reconhecemos nossas fragilidades, reconhecemos a importância do nosso papel. É muito cruel a forma como a sociedade trata o professo e o Estado também precisa fazer seu papel”, enfatiza Marisa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário